domingo, 4 de setembro de 2011

Educação, hoje

Um dia destes, lendo  uma revista, chamou-me a atenção a opinião de um leitor sobre educação. Ele dizia não acreditar que se teria uma escola de qualidade por haver uma melhora salarial de professores, mas sim, deveria haver preparo para os professores. Discordo desse leitor ao se referir que os professores são mal-preparados.
            Penso, sendo professor, que uma possível melhora na qualidade do ensino realmente não está  ligada somente ao aumento salarial, visto que uma vez assumido o papel de professor, este fará o seu trabalho da melhor forma possível, com muito comprometimento, fazendo render o máximo de si. Quanto à questão salarial, defendo à ideia de que a profissão professor deveria ser uma das mais bem remuneradas do nosso País, incisivamente mais aqueles que estão em sala de aula, pois é pelas mãos destes que toda a gama profissional passa.  Infelizmente, o professor brasileiro tem desvalorização salarial e social.
            Um professor atende ao mesmo tempo 30, 35, 40, 45 alunos, e nesse tempo é preciso ser educador e “saco de pancada”, tendo que ouvir desaforo, palavras de baixo calão, ameaças (inclusive de morte), entre outras coisas mais. Será que o mesmo aluno que desacata o profissional professor terá coragem de desacatar algum dia o seu chefe ou patrão? Penso que não. Então por que não respeitar o professor?
            E quanto à questão preparo, o professor participa de diversos e inúmeros cursos de capacitação ao longo da sua carreira profissional, mesmo porque se não os fizer, não elevará de nível e, consequentemente, não terá uma relativa melhora salarial; e é bom que se saiba que a escola pública paranaense, refiro-me à parte física, recebeu do governo passado significativo investimento de equipamentos, principalmente os de informática, embora haja muito ainda o que ser melhorado por ações governamentais.  Na verdade, o problema não está na educação, e sim  no aprendizado, isso mesmo, está na falta de interesse, na falta de educação (a que vem de casa mesmo), na falta de respeito, na falta de amor próprio de muito alunos que jogam o seu tempo no lixo, e o pior, atrapalhando aqueles alunos que realmente querem aprender e que se esforçam para um dia conseguirem um lugar ao sol,  valorizando o ensino que recebem, fruto dos impostos pagos por toda a sociedade.
            Uma frase poderia dar uma justificativa para tal situação: Não se dá valor ao que vem fácil. Transporte, ganha-se! Livro didático, ganha-se! Merenda, ganha-se! Bolsa-escola, ganha-se! (Onde chegamos: há famílias que recebem para mandar alunos para escola, e quem é que paga? O contribuinte!). Professor cada vez mais aprimorado, ganha-se! Passar de ano sem esforço, ganha-se! Tudo ao aluno! Quase nada ao professor! Será que estou errado em pensar assim? Está mais que na hora, ou melhor, já passou da hora de mudança de pensamento, o aluno deveria dar algo em troca por receber educação gratuita: e não seria muito, apenas estudar com empenho e respeitar os professores. Cobrar apenas a frequência do educando é pouquíssimo.  Lembro-me que há uns trinta anos eram os alunos que compravam os livros, muitos adquiriam de segunda mão, eu fui um deles, tendo que apagar com borracha todas as atividades constantes nos livros. Transporte? Não havia! Bolsa-escola? Muito menos! E no entanto havia respeito e reconhecimento aos professores. Por quê? Porque frequentava a escola quem queria, e se alguém não queria pelo menos lá estava  por obedecer aos pais ou responsáveis; era a família fazendo o seu papel.
            O educando necessita entender que o estudo abre portas, as quais certamente levarão ao sucesso profissional, social e cultural. O jovem precisa saber que o estudo abre a mente, melhorando muito a visão de mundo, enriquecendo-o para a defesa das armadilhas da vida. Tenho certeza de que os professores falam muitíssimo sobre a importância do estudo para a Vida. É uma pena que poucos ouvem e respeitam o que os “mestres” têm a ensinar.
            Ainda há tempo de salvarmos o sistema educacional; é necessário que ações sejam tomadas para se resgatar os valores de outrora; é necessário ainda que as autoridades governamentais repensem a política do tudo se dá, com ou quase nada  a cobrar em troca, e que as autoridades educacionais acreditem no trabalho dos professores, pois estar em sala de aula é, nos dias de hoje, uma árdua tarefa para os que encaram este desafio, tarefa que por sinal está a se escassear por falta de profissionais. Evidentemente, a mudança de pensamentos e atitudes não farão que a educação tenha uma melhora significativa da noite para o dia, pois se trata de um processo lento para a reconstrução desses valores. E somente quando esses valores forem reconstruídos é que haverá diminuição na taxa de criminalidade e da injustiça social.
Texto escrito por Luciano Ditzel.

 Luciano Ditzel é especialista em Língua Portuguesa: Leitura e Produção Escrita, Autor do livro Contos e Poemas. Autor da obra infantil "Passarinhos Faceirinhos", Editora Litteris, lançado na Bienal Internacional do Livro, Rio de Janeiro, 2005. Participação da Coletânea Prêmio Leminski de Poesias, com o poema O tempo. Menção honrosa no Teatro São João - Lapa, com a poesia Saudade.
               
                 

segunda-feira, 18 de julho de 2011

LEMBRANÇAS DE UM CAVALO

Um dia, minha mãe me contou sobre o dia em que eu nasci. Era uma manhã quente e ensolarada. A grama verde foi o meu primeiro contato com esse mundo. Ela ficou feliz e me acariciou enquanto me limpava amavelmente com sua língua suave.
Meus primeiros passos foram seguidos por alguns tombos, mas ela estava sempre por perto, me incentivando para que eu conseguisse caminhar e brincar. Aos poucos fui me soltando e conhecendo o mundo à minha volta, com a alegria de um potrinho descobrindo a vida.
Morávamos em um lugar bonito e bem cuidado por alguns humanos que nos davam abrigo, água e comida. Não me esqueço jamais daquele dia em que tivemos aquela amável conversa. Parecia que algo estava para acontecer, pois minha mãe me contara sobre os meus primeiros passos quando eu já tinha alguns meses de vida, parecendo que ela pressentira algo diferente naquele dia. Foi o último dia em que nos vimos. Ao final da tarde, alguns homens que trabalhavam naquele lugar, me separaram à força de minha mãe e me empurraram para dentro de um caminhão, como se um pertencesse a eles e não àquela que me concebeu.
Eu estava assustado, mas minha mãe estava desesperada e inconsolada com o que estava acontecendo.
O caminhão que me roubara de minha mãe, foi lentamente se afastando do lugar onde eu fora feliz, e minha mãe em prantos, tentava fugir em vão do cercado em que vivia para me salvar. Jamais esquecerei aquele olhar dela ficando cada vez mais distante, sabendo que seria a última vez que estávamos nos vendo.
Não me esqueço dos carinhos, do aconchego, da sua presença e do amor que me entregou naqueles dias. Sinto muito a sua falta. Não sei bem ao certo a que distância estamos um do outro, mas sua presença é constante para mim. Tenho a certeza de que ela, se ainda estiver bem, não deixou de pensar em mim um só instante, assim como eu penso nela a cada por de sol. Sei que nossos pensamentos se cruzam, pois apesar da distância, ainda nos amamos.
Aqui onde eu moro, a vida é bem difícil para mim. Antes mesmo de o dia amanhecer, sou colocado para puxar uma carroça, que aos poucos vai ficando mais e mais pesada. Quanto mais pesada ela fica, mais dificuldades eu tenho para puxá-la, e aí, mais chicotadas e até chutes eu recebo. As dores que eu sinto pelo corpo e o cansaço são terríveis. Enquanto puxo aquela carroça pelas ruas, abaixo de gritos e chicotadas, meu pensamento se dirige para minha mãe, tentando imaginar como e onde ela está, ou mesmo lembrando-se de minha infância ao lado dela. Nesses momentos de recordação, eu até me esqueço das dores, da fome e da sede.
Em dias de festas, sou levado para onde os humanos se reúnem para se apresentarem em cima dos meus semelhantes ou para derrubar vacas e bois com laços. Vejo que não sou o único a sofrer. Vejo muitos outros potros, éguas, cavalos, bois e vacas que passam fome e sede, que dormem sobre uma fria geada e apanham para que os humanos façam as suas apresentações, dando esses pobres animais, o máximo de si nessas apresentações, para que não apanhem mais ainda. Os humanos acham que realizamos as provas por vontade própria. Como se enganam. Fazemos isso, para não sofrermos ainda mais com o que para nós é violência e para eles diversão.
Agora, quando já estou magro, doente e quase não consigo parar sobre as minhas próprias pernas, vivo quase no abandono. Mal ganho comida e água, mas os gritos e chicotadas ainda não me faltam.
Essa semana, eu vi uma cena que cravou em meu coração e apunhalou os meus sentimentos. Presenciei com tristeza, enquanto passava por um bairro aqui da cidade, puxando meu pesado fardo, um cavalo que de tão fraco que estava, e tentando tomar água em uma valeta enlameada, tropeçou para dentro dessa valeta, ficando preso até o pescoço pela lama. Foram várias horas de angústia e sofrimento em que várias pessoas de bom coração tentaram retirar aquele cavalo. Era um dia frio e o socorro demorou em chegar e, a cada minuto que se passava, aquele pobre cavalo ficava mais e mais fraco. Mesmo tendo sido resgatado e medicado, infelizmente esse meu semelhante não resistiu e faleceu ali mesmo, bem próximo daquela valeta.
Fico pensando na dor e no sofrimento que ele sentiu e, por isso, dedico todo esse meu relato a esse pobre cavalo que morreu no abandono, e torço para que os seres humanos se tornem mais humanos no verdadeiro sentido da palavra, e que todos os animais possam um dia ser mais felizes, como um dia eu fui, quando ainda ao lado de minha mãe que jamais irei esquecer.
Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS

domingo, 17 de julho de 2011

O FOGO DA VIDA E DA MORTE


O fogo, sem dúvida, foi a maior descoberta que o ser humano já fez. Sem ele não teria sido possível chegar aonde nós chegamos. Com ele pudemos nos defender dos inimigos, aprimorarmos a nossa maneira de nos alimentar e nos desenvolver enquanto espécie, pois até em altas tecnologias, precisamos dele como princípio para força motriz. Ao longo dos milênios, ele foi tema dos mais variados tipos de interpretação e tema preferido por vários artistas e teóricos que deram um ar místico a essa reação química.
Hoje, para muitos, o fogo representa beleza, mistério ou simplesmente uma forma de promover “limpeza” em terrenos baldios ou ainda, um método de preparação para o plantio. No meu ponto de vista, o fogo pode ser a representação do inverso de tudo isso. Pode representar a destruição, a poluição, a morte de seres vivos indefesos, ou mesmo, um crime ambiental se usado de maneira irresponsável.
Nesses dias de inverno em que as geadas e a umidade baixa do ar se tornam algumas das características da estação, temos uma alta incidência de queimadas descontroladas, e até mesmo criminosas, que ocasionam sérios problemas à saúde e ao meio ambiente.
Os índices de problemas de saúde, principalmente os respiratórios ocasionados pelo acúmulo de fumaça das grandes e pequenas queimadas tendem a aumentar significativamente nesse período, ocasionando desconforto e uma busca acentuada pelos serviços de saúde, gerando gastos que poderiam ser desnecessários se as tais queimadas não ocorressem.
Outros problemas sérios são os transtornos ao trânsito que se torna perigoso em função da diminuição da visibilidade, danos à rede elétrica e telefônica e grande número de chamadas que causam acúmulo de trabalho ao corpo de bombeiros.
Que os problemas ocasionados são inúmeros, todo mundo sabe, mas o que eu quero tratar aqui é com relação ao que pouca gente não se dá conta, ou simplesmente não dá a mínima atenção, que é a morte dos animais que morrem queimados em terrenos baldios e matas incendiadas.
O número de espécies de pássaros, lagartos, preás, entre outros, que morrem nas queimadas é enorme, e pouquíssimas pessoas se preocupam com a sua sobrevivência. Porém, várias dessas espécies que ainda são encontradas em nossa região, sobrevivem em pequenas áreas de terrenos e várias delas, estão quase extintas.
Essa semana, mais precisamente na noite de 15 de julho, uma série de incêndios criminosos deixaram várias pessoas aqui de Irati, revoltadas e comovidas com cenas de animais sendo consumidos pelas chamas. Eu mesmo, ao perceber que próximo da minha residência, vários terrenos haviam sido atacados por algum incendiário, procurei ajudar tentando apagar algumas chamas, ao meio de uma densa e irritante coluna de fumaça, quando então, me deparei com uma das cenas mais terríveis que presenciei até hoje, onde vários preás tentando fugir com sua pelagem já em chamas acabaram morrendo sem que eu ou alguém conseguisse fazer alguma coisa.
Tentamos em vão, pois infelizmente, não foi possível. Houve desespero por parte daqueles que lutaram para fazer alguma coisa, mas com certeza muito mais, por parte daqueles pobres animaizinhos que perderam a sua vida.
Pela manhã ao retornar ao local, me deparei com cenas que deixam qualquer cidadão de bem indignado. Cabos de telefone queimados sendo trocados pela empresa responsável, causando prejuízo e transtornos para a sociedade, acúmulo de cinza dando ar de desolação e o pior, um amontoado de animais carbonizados que deixa qualquer pessoa que tenha o mínimo de bom senso, extremamente chocado.
Quem irá pagar pelos estragos? Quem irá ser responsabilizado? Quem irá devolver a vida àqueles pobres animaizinhos que tiveram suas vidas consumidas pelas chamas?
Queimada é crime e como tal, deve ter punição. Não fique indiferente. Não permita que as queimadas na cidade ou na área rural continuem acontecendo. FAÇA A SUA PARTE. NÃO QUEIME! DENUNCIE!
A vida agradece!
Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS

quinta-feira, 19 de maio de 2011

NOVO CÓDIGO FLORESTAL. AVANÇO OU UM GRANDE ERRO?

Muito tem se discutido nos últimos meses acerca das mudanças no Código Florestal. Com isso, uma queda de braços está travada entre a bancada ruralista, que almeja a redução das reservas florestais e outros biomas, e os ambientalistas que lutam pela preservação das áreas verdes existentes.
O fato é que, o meio ambiente no Brasil vem sendo degradado lenta e gradativamente desde o século XVI, mas, principalmente no último século, essa degradação sofreu uma aceleração nunca antes vista, até mesmo em função do avanço industrial. Para piorar, quando se iniciou uma série de importantes discussões para se obter meios mais racionais de exploração dos recursos naturais, e tentar proteger os remanescentes florestais, surge uma proposta que é um verdadeiro golpe de misericórdia contra o ambiente e todas as formas de vida animais e vegetais e, o ser humano não será exceção.
Com uma reformulação no Código Florestal estaremos caminhando na contramão das necessidades humanas. Dizer que sem essa mudança diminuiremos a oferta de alimentos, ou que inviabilizará a agricultura é uma ilusão difundida por alguns poucos que pretendem enriquecer ainda mais com isso. É ainda, uma total falta de visão sobre as reais consequências que essas alterações irão ocasionar.
Será que alguém “questionou” para as outras espécies de vida, as quais têm os mesmos direitos que nós, a respeito dessas mudanças? Claro que não, pois, além de alguns esquecerem que não somos a única espécie no planeta, a proposta, como foi feita, é egoísta em todos os aspectos. Parece estranha essa citação, mas temos que pensar e agir de forma coerente, a ponto de não ocasionarmos danos a outras espécies, as quais perderão seu habitat e, além do sofrimento que estarão expostos, abandonarão o seu território em busca de abrigo e alimentos, sem contar a infinidade de animais e plantas que morrerão devido à ação devastadora do ser humano.
Já está muito claro que, a redução da área de cobertura florestal e as mudanças climáticas ocasionadas por essa diminuição das matas, irão interferir negativamente no perfil epidemiológico da população, com a possibilidade de avanço e mudanças no comportamento das doenças, proporcionando até mesmo o surgimento de novas moléstias. Isso tudo, além de uma significativa redução na qualidade de vida da população, aumentará os custos com saúde no país.
É importante frisar que, a maior parte da produção agrícola de soja e milho é destinada para a alimentação do gado (de corte e leite), suínos e aves, e que esses produtos agrícolas poderiam muito bem ser utilizados na alimentação humana. Já se perguntou quantos quilos de alimentos são necessários para se produzir um único quilo de carne? Não? Então pasme, pois, para cada quilo de carne bovina produzida, são necessários 07 quilos de grãos (soja ou milho) e 15.000 litros de água, sem contarmos ainda toda a área de pasto utilizada. Isso quer dizer que, somando-se a área de pasto, mais a área para a produção de grãos destinados à ração animal, poderíamos ter evitado muito dos desmatamentos que já ocorreram e, muitas pessoas que hoje não tem acesso a comida, certamente viriam a ter. A pecuária é uma das maiores causadoras da má distribuição de alimentos no Brasil e no mundo, e não as florestas, como erroneamente afirmam os defensores das mudanças no código florestal.
Se a população reduzir pela metade o consumo de carne, teremos uma oferta muito maior de alimentos e uma redução significativa dos desmatamentos, com a utilização dessas áreas para a produção, além dos grãos, de tubérculos, hortaliças e frutas.
Não há a necessidade desse radicalismo todo em destruir o pouco que existe, basta que nós, sociedade, reduzamos o consumo da carne, substituindo por alimentos vegetais, que ainda são muito mais saudáveis e não geram sofrimento animal. O “radicalismo” não está naqueles que sugerem a redução do consumo, está, sobretudo, naqueles que querem a qualquer preço pôr em risco o futuro do planeta, que de forma indireta têm o nosso aval, pois, se estão onde estão, é por que nós os colocamos.
Dizer que não aprovar o novo Código Florestal é inviabilizar a agricultura, é dizer o inverso do que realmente irá ocorrer. Com a redução das matas que com certeza será bem maior do que a nova lei irá aprovar, é interferir no ciclo das águas e no clima, com a possibilidade de desertificação e, aí sim, teremos uma agricultura inviabilizada pelos danos cometidos contra o meio ambiente.
Se os nossos nobres parlamentares realmente quisessem falar em produzir mais alimentos e segurança alimentar, discutiriam métodos de racionalizar a produção, ou seja, produzir melhor nas áreas cultiváveis já existentes, bem como, melhorar as condições de transporte da safra e reduzir os tão evidentes desperdícios de alimentos nesse país. Pensar ainda, em valorizar o produtor, garantindo preços justos e comércio aos produtos, pois é comum vermos alimentos apodrecendo no campo por falta de preço.
Para se ter uma idéia do tamanho do impacto negativo que estas propostas trarão, basta percebermos que, somente pelo fato de terem sido iniciadas as discussões a respeito desse código, houve um aumento de 26 por cento no desmatamento da Amazônia, comparando-se com o mesmo período do ano anterior, possivelmente pela possibilidade de anistia destas áreas devastadas.
Não nos resta nada mais, senão preservarmos os nossos biomas para que possamos continuar ter acesso a alimentos, à água e possibilitar que as próximas gerações tenham condições dignas de vida, e que as outras espécies não tenham o seu direito roubado por um código que será um verdadeiro desastre.
Cabe a cada um de nós fazer a nossa parte no consumo responsável e, principalmente, aprendermos a escolher melhor os nossos congressistas na hora de votar.

“Tornar o mundo perfeito é uma utopia, mudar completamente é um sonho, porém, melhorar é possível”. Leandro Ditzel.



Livro sobre preservação ambientalhttp://www.estantevirtual.com.br/mod_perl/info.cgi?livro=38998330


domingo, 15 de maio de 2011

AMBIENTES LIVRES DA FUMAÇA DO CIGARRO. UM DIREITO DE TODOS

Mais que uma conquista, os ambientes livres da fumaça do tabaco são um grande avanço na melhora das condições de saúde da população e, até mesmo, na qualidade e preservação do meio ambiente. Para comemorarmos isso e para lembrar o dia 31de maio – DIA MUNDIAL SEM TABACO, daremos aqui, uma atenção especial aos fumantes passivos, pessoas que se tornam involuntariamente, obrigadas a inalar a perigosa fumaça do cigarro.
Não dá mais para aceitar que o cigarro e os derivados do fumo são inofensivos para a nossa sociedade, pois, todos nós sabemos a gama de prejuízos que o cigarro traz, desde a produção do fumo, até o consumidor final. Não cabe então aqui, citarmos cada um desses danos, mas, vale a pena tratarmos de um dos pontos mais impactantes do ato de fumar, que é a ação das substâncias nocivas ao fumante passivo.
A grande maioria da população desconhece de fato o que é ser fumante passivo. Muitos pensam que apenas as pessoas expostas diretamente à fumaça dos derivados do tabaco fumam passivamente, mas, o que a grande maioria não sabe, é que não é necessário estar exposto em um ambiente onde haja a fumaça para sofrer os danos ou ser considerado fumante passivo, basta tão somente, conviver com fumantes, ou estar em ambiente onde alguém tenha fumado.
As partículas liberadas com a fumaça do cigarro se prendem às roupas ou cabelo dos fumantes e, até mesmo nas superfícies como paredes, móveis e interiores de automóveis. Essas partículas liberam gases tóxicos e nocivos, fazendo com que essas pessoas que estejam nesses locais, sejam consideradas fumantes passivos, é o que nós, profissionais de saúde chamamos de fase particulada resultante da queima dos produtos fumígeros.
Muitos pais ou responsáveis alegam que sua dependência por cigarro não prejudica em nada os seus filhos, pois segundo eles, evitam fumar na presença destes, mas isso, infelizmente é uma grande ilusão por parte destes pais, pois a simples presença de um fumante perto de outras pessoas, já é suficiente para causar danos à saúde dos não fumantes. Pior ainda, é vermos no trânsito, adultos fumando dentro dos veículos, quando dentro destes, encontram-se outras pessoas, principalmente se estas forem crianças.
É um crime expor uma criança indefesa à fumaça do cigarro, ou a qualquer outro derivado do tabaco, uma substância extremamente danosa tanto para a saúde de fumantes ativos, quanto de passivos. Crianças que convivem com fumantes, desenvolvem sérios problemas respiratórios e tantos outros tipos de problemas ocasionados pelo cigarro, até mesmo, câncer.
Temos como cidadãos conscientes, a obrigação de proteger o meio ambiente e a saúde de todos, para que tenhamos um mundo melhor, com menos danos causados pelo tabaco.
Se você é fumante e tem filhos, pense seriamente na possibilidade de abandonar o vício, pois, além do bom exemplo que dará para eles, estará diretamente cuidando da saúde e do bem estar dos seus filhos e de toda a sua família. Largar o hábito de fumar é uma das atitudes mais sábias que uma pessoa possa vir a tomar, contribuindo para uma melhor qualidade de vida de toda uma sociedade.

Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS

sábado, 5 de março de 2011

CIGARRO: UMA EPIDEMIA MUNDIAL

Muito se tem discutido nos últimos anos, a respeito do cigarro. Há vertentes que defendem, e outras que combatem o uso dessa droga. Iremos aqui, falar sobre alguns aspectos que envolvem o ato de fumar. Mas antes de tratarmos dessa discussão, há que se entender que, ao contrário do que muitos pensam, o dependente de nicotina não deve jamais se culpar pela sua dependência, pois muita influência há por detrás da primeira tragada. Portanto, se você é dependente de cigarro, leia a matéria abaixo e reflita um pouco mais sobre a sua condição de fumante.

Por que as pessoas fumam?
Vamos imaginar uma cena de um adolescente que está procurando fazer parte do grupo na escola e se auto-afirmar perante este. Este jovem procura então a buscar fazer coisas que o torne forte diante do grupo, coisas que mostrem que ele não é mais uma criança, que demostrem que ele é praticamente um “adulto”.
Exposto às pressões do grupo de colegas, e aos merchandisings presentes em pontos de vendas, nos quais, imagens de “paisagens e jovens alegres e saudáveis desfrutam a vida com todo o seu vigor”, o nosso adolescente aceita ainda meio tímido o seu primeiro cigarro. Como ele, outras cem mil crianças e adolescentes experimentam nesse exato dia, a mesma experiência de fumar o seu primeiro cigarro. Para a metade delas, será apenas o primeiro cigarro do restante que irão fumar em toda a sua vida.
Sem jeito de segurar o cigarro e experimentando um desconforto causado pela irritação que o cigarro proporciona, a quem não está acostumado com a droga, o jovem não se dá por vencido e força demonstrar o quanto é forte na busca pela auto-afirmação e ser aceito pelo grupo como um cara legal; uma pessoa forte e um jovem determinado.
Nos primeiros dias, ele passa a comprar os seus próprios cigarros e as imagens “alegres” e chamativas nos caixas de padarias, restaurantes e supermercados, só reforçam essa necessidade de usar algo que julga achar legal. Diante do sexo oposto, da menina que ele sonha conquistar, se exibe com um cigarro no canto da boca e com uma carteira na mão, tentando demonstrar que é um grande conquistador.
Esse é só um dos vários exemplos de motivos que levam uma pessoa a experimentar o seu primeiro cigarro. Com o passar dos dias, nosso jovem irá passar por outra experiência. Ele irá entrar para o grupo dos dependentes químicos de cigarro e outros derivados de fumo. Agora ele será uma vítima da dependência da nicotina, uma droga que dá a falsa sensação de prazer, mas que passará a dominar o nosso personagem e, este, terá dificuldades para se libertar por si só de uma das drogas que mais matam no mundo e que vem causando sofrimento em seus usuários, seja pela dependência, seja pelos agravos e sequelas que irá provocar ao longo dos anos.
Como vimos, as pessoas começam a fumar por vários motivos, influenciadas pelo grupo, pela mídia que ainda utiliza de estratégias para driblar a proibição das propagandas explicitas de cigarro e, principalmente, pelas várias estratégias utilizadas pela indústria. Uma das mais utilizadas e que se difundiu rapidamente mundo afora, são as promoções de grandes eventos “culturais” e “festas” com pessoas bonitas e famosas, promovidos especialmente ao público jovem, onde este se torna alvo dos assédios das indústrias que financiam tais festas, com a distribuição de cigarros para “degustação”.
Diante dessas influencias, é possível afirmar que o fumante não pode ser condenado pela sua dependência, pois qualquer pessoa pode ficar exposta a cair nas armadilhas que há por detrás de um dos produtos que mais geram lucros para a indústria que os fabrica. Esses são alguns motivos pelos quais, uma pessoa começa a fumar, mas, como veremos adiante, existem também, motivos que fazem com que ela continue a usar o produto.

Cigarro como um problema de saúde pública
O cigarro é sem dúvida um dos grandes problemas de saúde pública mundial. Por ser uma droga, o cigarro ocasiona em seus usuários, dependência física, que é a necessidade constante de nicotina exigida pelo cérebro, devido a alterações nos receptores neuronais. Porém, além desta, outros dois tipos de dependências ocorrem na pessoa usuária de cigarro, que são: a dependência psicológica em que a pessoa tem o cigarro como um “aliado”, um “amigo”, tendo a falsa impressão que ele irá resolver situações difíceis do dia a dia e, ainda, a dependência de condicionamento, que nada mais é do que ações automáticas que fazem a pessoa acender um cigarro sem perceber, como por exemplo, após um cafezinho, o almoço, entre tantas outras ações, as quais o fumante nem sempre se dá conta de que elas se relacionam ao ato de fumar. Todas essas dependências têm tratamento quando a pessoa realmente decide em parar de fumar, principalmente, se aliado à ajuda de uma equipe multidisciplinar devidamente capacitada e habilitada para isso.
Além das dependências, há várias outras doenças associadas ao tabaco, das quais, podemos citar: os vários tipos de câncer, infartos, derrames, doenças pulmonares, doenças vasculares, hipertensão arterial, envelhecimento precoce, entre tantas outras. Essas doenças causam gastos gigantescos aos cofres públicos devido aos tratamentos, internamentos (incluíndo UTIs), pensões e aposentadorias precoces, gastos esses, que poderiam ser bem utilizados na saúde, educação, transporte, habitação, segurança pública e outros serviços e bem feitorias à sociedade como um todo.

Cigarro e meio ambiente
Não há dúvidas de que os derivados do tabaco são um dos maiores causadores de problemas ambientais que não podemos deixar de mencionar quando tratamos do assunto. Milhares de metros cúbicos de madeira são cortadas e queimadas diariamente para que as folhas de fumo passem pelo processo de secagem, contribuindo diretamente para os tão questionados desmatamentos e para a poluição do ar, ocasionada pela queima e despejo de produtos químicos diretamente na atmosfera. Além disso, os venenos altamente tóxicos contaminam o solo, os rios e lençóis freáticos, causando danos irreparáveis ao meio ambiente.
Como se não bastasse essa contaminação e os riscos que os trabalhadores estão expostos, outro tipo de poluição extremamente danosa ocorre durante o uso de cigarros e derivados de fumo. O impacto que uma carteira de cigarro desprezada no meio fio, ou uma simples bituca jogada na calçada ou boca de lobo pode causar, é muito maior do que a poluição ambiental que os nossos olhos podem ver.
Além de levar centenas de anos para esses resíduos se degradarem na natureza, estes podem ganhar carona com a água das chuvas pelos bueiros e pararem em rios e mares. Peixes confundem essa sujeira toda com alimento, e acabam morrendo engasgados, causando não raras vezes, desequilíbrio muito maior por fazerem parte da cadeia alimentar de outros peixes e animais.

Tratamento
Há várias formas de tratamento, mas uma maneira eficaz que consegue um índice de sucesso em torno de 70% é a terapia cognitiva-comportamental, utilizada gratuitamente no município de Irati, porém, o maior segredo para se obter sucesso nessa luta contra o cigarro é a força de vontade. Para aqueles que pensam que parar de fumar é tarefa impossível, dou um conselho: “não desista nunca, pois, grande parte das pessoas que hoje são ex-fumantes, tiveram algumas recaídas”.

Dicas de filmes: “Obrigado por Fumar” e “ O Informante”.
Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS

Áreas Verdes. Por que preservá-las?

As áreas verdes ou áreas de preservação, são remanescentes de mata nativa ou reflorestadas com árvores originárias do próprio local, que, em nossa região, fazem parte da Mata Atlântica. Além desta, temos no Brasil, outros biomas que são a Floresta Amazônica, a Caatinga, o Cerrado, o Pantanal e os Pampas Gaúchos. Todos esses biomas são extremamente importantes para a biodiversidade do nosso país e precisam ser preservados.

O nosso país já foi um local com grandes florestas e belezas naturais, onde todas as espécies podiam usufruir com harmonia dos recursos que a natureza disponibilizava. Era uma riqueza aparentemente inesgotável, mas que com o início das grandes expedições do século XVI, começou a ter o seu cenário lenta e gradativamente alterado, até que certo ponto sustentável, pela ação das mãos humanas, mas que, ao longo dos séculos mostrou-se frágil diante do “domínio” do ser humano sobre as outras espécies e sobre a natureza.

Hoje o cenário é outro. Vivemos em um grande impasse entre o desenvolvimento e a preservação ambiental. Vivemos em um mundo em que achamos que, se quisermos crescer, temos que usufruir tudo o que a natureza nos oferece, esquecendo que devemos utilizar desses recursos de maneira responsável, e que não somos os únicos moradores desse planeta. Somos apenas uma das tantas espécies que conosco dividem cada metro quadrado desse planeta.

Deveríamos agir com sustentabilidade, mas, na prática, não é o que acontece. Fico cada dia mais entristecido quando me deparo com a devastação que temos cometido ao longo dos séculos, e muito preocupado ao ver que essa devastação está em ritmo crescente e acelerado em todos os cantos por onde olho, tanto em áreas urbanas, quanto nas rurais. Na lavoura, as matas estão sucumbindo quase que totalmente. Nas cidades, o pouco de áreas verdes que ainda restam, estão dando lugar à especulação imobiliária e, até mesmo a mata ciliar que deveria permanecer intacta para proteger as nascentes, os rios e algumas espécies animais, desaparece sem que quase ninguém questione tal destruição.

Matas ciliares devem ser preservadas inclusive nas cidades. Córregos e rios não podem ser escoados (escondidos) por manilhas, como se aquela água fosse somente um incômodo resíduo a ser desprezado em rios maiores. Nós Brasileiros, vivemos em uma terra rica e, basta andarmos um pouco pelas cidades para vermos que essa riqueza ainda existe. Ainda! É uma riqueza que deve ser valorizada pelo que é, pelas árvores que tem, pelos córregos que funcionam como veias e artérias da terra e trazem vida ao planeta.

As mesmas árvores que nos dão sombra em ruas e avenidas e que nos agraciam com suas lições de história pelos anos que têm, são o refúgio de muitas espécies. Quando cortamos e devastamos, interferimos negativamente na vida de muitos animais, sem que haja a permissão destes para tal ato. Faço aqui um questionamento: Quando alguém decide por derrubar e devastar uma área, pediu permissão para os seus moradores (pássaros e outras espécies) ou pelo menos os comunicou de tal ato? Claro que não, pois infelizmente, a maioria não se dá conta de que nós, seres humanos, não estamos sozinhos nesse planeta.

A Araucária, símbolo do Paraná, logo estará extinta se nada fizermos, e se continuarmos a pensar que sua “função social” é mais útil do que a sua sobrevivência. Quando lhe disserem que um pinheiro deve ser transformado em casa para que alguém tenha moradia segura, lembre-se de que esse mesmo pinheiro já pode ser a moradia de alguma ave e que, essa mesma árvore é fonte de alimentos para muitas espécies e, até mesmo, para a permanência das próprias araucárias, através das sementes que elas produzem. Dizer que árvores estão “sobrando” ou estão sendo “inúteis” por não estarem sendo “utilizadas” é uma afronta à natureza e a quem as criou.

Quem participa do ciclo das águas, da distribuição das chuvas, da preservação dos mananciais e lençóis freáticos, da absorção de carbono e é de suma importância para que nossas terras não se transformem em deserto, senão as florestas?

Vamos preservar o que ainda resta e que é pouco. Vamos lutar pela permanência das poucas áreas verdes presentes em áreas urbanas e rurais, pelas matas ciliares que protegem as nascentes, córregos e os rios. É a sustentabilidade do planeta que está em jogo.


Se, sabemos que, um dia as gerações que estão chegando terão que lutar pela reconstituição do meio ambiente, replantando o que está sendo destruído agora, por que então não preservarmos desde agora para que aqueles que hoje são crianças, não tenham trabalho demais para tentar dar uma última chance ao planeta e à sobrevivência das espécies, inclusive a humana? Não consigo compreender a atitude de destruir o que está bom, que nos foi dado por Deus e por isso é bom, para depois tentar refazer sem termos a certeza de que será como antes.

Faça um passeio pelas estradas rurais ou pela sua cidade, e veja a riqueza que ainda podemos contemplar. Muitas vezes, nossos olhares acostumados, impedem que vejamos o que está diante de nós, mas, basta que deixemos que a sensibilidade do olhar se abra para o mundo que nos cerca, para que possamos enxergar as belezas que a natureza nos proporciona bem perto nós, possivelmente, bem diante dos nossos olhos.

Deixar um mundo sustentável para essa e às próximas gerações é uma meta a ser buscada por cada um de nós a partir de hoje, antes que estas gerações não consigam mais fazer o que podemos fazer a partir de agora.

Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS

quinta-feira, 3 de março de 2011

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO: COMPRAR OU ADOTAR?

          Essa é uma das perguntas mais frequentes feitas por quem tem a intenção de adquirir um animal de estimação. No entanto, outros questionamentos deixam de serem feitos quando se opta pela compra de um animalzinho que irá fazer parte da família.
           Por que algumas pessoas preferem animais comprados em lojas? Por que muitos tendem a achar que cães, gatos e outros animais são melhores se tiverem um pedigree, uma “raça”? Que consequências ocorrerão quando eu opto pela compra e não pela adoção?
            Primeiramente, é importante lembrar que quando você escolhe para o seu filho um animal com pedigree, de “raça”, afirmando que são melhores, indiretamente está dando a ele os primeiros ensinamentos de como ser preconceituoso, e, irá instigar também, de forma indireta, preconceitos contra seres humanos, afirmando que uma raça é melhor que outra. Além disso, devemos saber que não existem animais piores ou melhores, o que existe, são animais bem ou mal tratados. A beleza de um animal não está na “beleza” imposta pela sociedade e sim, na essência que cada animalzinho carrega dentro de si.
            Lembremos também, dos animais que estão perambulando pelas ruas, famintos, sedentos e carentes de afetividade e de um lar. Lembremos daqueles que estão em abrigos esperando pelos donos que os abandonaram à sorte ou esperando por um coração bondoso que os acolha e possam sentir de fato o que é o amor, e daqueles que esperam a morte em depósitos das grandes cidades, que sem mais espaço para abrigá-los e pela falta de governantes comprometidos, seguem o seu destino em direção à eutanásia.
            Todo ser vivo é belo, só não enxergamos na maioria das vezes, pois a sociedade nos cega com as suas imposições e seus estereótipos. Trate bem um animal, por mais sujo, mal cuidado e rabugento que ele seja, e verá a recompensa e o quão belo de fato ele é.
            Quando decidimos por comprar um animal, tomamos uma decisão muito mais cruel do que possamos imaginar. Tomamos a decisão de mantermos animais abandonados pelas ruas, e que sonham com pessoas como você, que poderiam levá-lo para casa. Quantos sonhos não devem ter? Quantas vezes sonham com companhia ao invés do abandono? Quantas vezes sonham com o aconchego ao invés do frio e da umidade? Sonham com água limpa e fresca e com um pouco de comida, enquanto seu estômago dói pela fome que insiste em não passar.
            Há pessoas que querem que animais de “raça” fiquem procriando para obtenção de lucro em cima da venda de filhotes que logo serão separados à força de suas mães, enquanto outros abandonados continuarão com destino incerto por causa desse tipo de decisão.  Animal não é mercadoria. Animal é ser vivo, tem fome, dor e sentimentos.
          Não podemos esquecer ainda, que por empolgação, algumas pessoas compram um filhote e esquecem que eles crescem e, logo depois, abandonam por perceberem que não era isso o que queriam, aumentado a população de animais de rua.
          Cães e gatos abandonados, quando bem tratados, alimentados, vacinados e curados de suas doenças, se tornam esteticamente tão belos quantos àqueles enfeitados com fitas para serem vendidos mais facilmente. Você verá que ele também tem uma, ou talvez mais raças pela sua miscigenação. Não há animais sem raça, e sim, animais sem cuidado.
         Quando pensar em adquirir um novo animal de estimação lembre-se, terá um abandonado esperando por você para retribuir o amor que receberá.  Amigo não se compra, se conquista.
Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS