sábado, 5 de março de 2011

CIGARRO: UMA EPIDEMIA MUNDIAL

Muito se tem discutido nos últimos anos, a respeito do cigarro. Há vertentes que defendem, e outras que combatem o uso dessa droga. Iremos aqui, falar sobre alguns aspectos que envolvem o ato de fumar. Mas antes de tratarmos dessa discussão, há que se entender que, ao contrário do que muitos pensam, o dependente de nicotina não deve jamais se culpar pela sua dependência, pois muita influência há por detrás da primeira tragada. Portanto, se você é dependente de cigarro, leia a matéria abaixo e reflita um pouco mais sobre a sua condição de fumante.

Por que as pessoas fumam?
Vamos imaginar uma cena de um adolescente que está procurando fazer parte do grupo na escola e se auto-afirmar perante este. Este jovem procura então a buscar fazer coisas que o torne forte diante do grupo, coisas que mostrem que ele não é mais uma criança, que demostrem que ele é praticamente um “adulto”.
Exposto às pressões do grupo de colegas, e aos merchandisings presentes em pontos de vendas, nos quais, imagens de “paisagens e jovens alegres e saudáveis desfrutam a vida com todo o seu vigor”, o nosso adolescente aceita ainda meio tímido o seu primeiro cigarro. Como ele, outras cem mil crianças e adolescentes experimentam nesse exato dia, a mesma experiência de fumar o seu primeiro cigarro. Para a metade delas, será apenas o primeiro cigarro do restante que irão fumar em toda a sua vida.
Sem jeito de segurar o cigarro e experimentando um desconforto causado pela irritação que o cigarro proporciona, a quem não está acostumado com a droga, o jovem não se dá por vencido e força demonstrar o quanto é forte na busca pela auto-afirmação e ser aceito pelo grupo como um cara legal; uma pessoa forte e um jovem determinado.
Nos primeiros dias, ele passa a comprar os seus próprios cigarros e as imagens “alegres” e chamativas nos caixas de padarias, restaurantes e supermercados, só reforçam essa necessidade de usar algo que julga achar legal. Diante do sexo oposto, da menina que ele sonha conquistar, se exibe com um cigarro no canto da boca e com uma carteira na mão, tentando demonstrar que é um grande conquistador.
Esse é só um dos vários exemplos de motivos que levam uma pessoa a experimentar o seu primeiro cigarro. Com o passar dos dias, nosso jovem irá passar por outra experiência. Ele irá entrar para o grupo dos dependentes químicos de cigarro e outros derivados de fumo. Agora ele será uma vítima da dependência da nicotina, uma droga que dá a falsa sensação de prazer, mas que passará a dominar o nosso personagem e, este, terá dificuldades para se libertar por si só de uma das drogas que mais matam no mundo e que vem causando sofrimento em seus usuários, seja pela dependência, seja pelos agravos e sequelas que irá provocar ao longo dos anos.
Como vimos, as pessoas começam a fumar por vários motivos, influenciadas pelo grupo, pela mídia que ainda utiliza de estratégias para driblar a proibição das propagandas explicitas de cigarro e, principalmente, pelas várias estratégias utilizadas pela indústria. Uma das mais utilizadas e que se difundiu rapidamente mundo afora, são as promoções de grandes eventos “culturais” e “festas” com pessoas bonitas e famosas, promovidos especialmente ao público jovem, onde este se torna alvo dos assédios das indústrias que financiam tais festas, com a distribuição de cigarros para “degustação”.
Diante dessas influencias, é possível afirmar que o fumante não pode ser condenado pela sua dependência, pois qualquer pessoa pode ficar exposta a cair nas armadilhas que há por detrás de um dos produtos que mais geram lucros para a indústria que os fabrica. Esses são alguns motivos pelos quais, uma pessoa começa a fumar, mas, como veremos adiante, existem também, motivos que fazem com que ela continue a usar o produto.

Cigarro como um problema de saúde pública
O cigarro é sem dúvida um dos grandes problemas de saúde pública mundial. Por ser uma droga, o cigarro ocasiona em seus usuários, dependência física, que é a necessidade constante de nicotina exigida pelo cérebro, devido a alterações nos receptores neuronais. Porém, além desta, outros dois tipos de dependências ocorrem na pessoa usuária de cigarro, que são: a dependência psicológica em que a pessoa tem o cigarro como um “aliado”, um “amigo”, tendo a falsa impressão que ele irá resolver situações difíceis do dia a dia e, ainda, a dependência de condicionamento, que nada mais é do que ações automáticas que fazem a pessoa acender um cigarro sem perceber, como por exemplo, após um cafezinho, o almoço, entre tantas outras ações, as quais o fumante nem sempre se dá conta de que elas se relacionam ao ato de fumar. Todas essas dependências têm tratamento quando a pessoa realmente decide em parar de fumar, principalmente, se aliado à ajuda de uma equipe multidisciplinar devidamente capacitada e habilitada para isso.
Além das dependências, há várias outras doenças associadas ao tabaco, das quais, podemos citar: os vários tipos de câncer, infartos, derrames, doenças pulmonares, doenças vasculares, hipertensão arterial, envelhecimento precoce, entre tantas outras. Essas doenças causam gastos gigantescos aos cofres públicos devido aos tratamentos, internamentos (incluíndo UTIs), pensões e aposentadorias precoces, gastos esses, que poderiam ser bem utilizados na saúde, educação, transporte, habitação, segurança pública e outros serviços e bem feitorias à sociedade como um todo.

Cigarro e meio ambiente
Não há dúvidas de que os derivados do tabaco são um dos maiores causadores de problemas ambientais que não podemos deixar de mencionar quando tratamos do assunto. Milhares de metros cúbicos de madeira são cortadas e queimadas diariamente para que as folhas de fumo passem pelo processo de secagem, contribuindo diretamente para os tão questionados desmatamentos e para a poluição do ar, ocasionada pela queima e despejo de produtos químicos diretamente na atmosfera. Além disso, os venenos altamente tóxicos contaminam o solo, os rios e lençóis freáticos, causando danos irreparáveis ao meio ambiente.
Como se não bastasse essa contaminação e os riscos que os trabalhadores estão expostos, outro tipo de poluição extremamente danosa ocorre durante o uso de cigarros e derivados de fumo. O impacto que uma carteira de cigarro desprezada no meio fio, ou uma simples bituca jogada na calçada ou boca de lobo pode causar, é muito maior do que a poluição ambiental que os nossos olhos podem ver.
Além de levar centenas de anos para esses resíduos se degradarem na natureza, estes podem ganhar carona com a água das chuvas pelos bueiros e pararem em rios e mares. Peixes confundem essa sujeira toda com alimento, e acabam morrendo engasgados, causando não raras vezes, desequilíbrio muito maior por fazerem parte da cadeia alimentar de outros peixes e animais.

Tratamento
Há várias formas de tratamento, mas uma maneira eficaz que consegue um índice de sucesso em torno de 70% é a terapia cognitiva-comportamental, utilizada gratuitamente no município de Irati, porém, o maior segredo para se obter sucesso nessa luta contra o cigarro é a força de vontade. Para aqueles que pensam que parar de fumar é tarefa impossível, dou um conselho: “não desista nunca, pois, grande parte das pessoas que hoje são ex-fumantes, tiveram algumas recaídas”.

Dicas de filmes: “Obrigado por Fumar” e “ O Informante”.
Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS

Áreas Verdes. Por que preservá-las?

As áreas verdes ou áreas de preservação, são remanescentes de mata nativa ou reflorestadas com árvores originárias do próprio local, que, em nossa região, fazem parte da Mata Atlântica. Além desta, temos no Brasil, outros biomas que são a Floresta Amazônica, a Caatinga, o Cerrado, o Pantanal e os Pampas Gaúchos. Todos esses biomas são extremamente importantes para a biodiversidade do nosso país e precisam ser preservados.

O nosso país já foi um local com grandes florestas e belezas naturais, onde todas as espécies podiam usufruir com harmonia dos recursos que a natureza disponibilizava. Era uma riqueza aparentemente inesgotável, mas que com o início das grandes expedições do século XVI, começou a ter o seu cenário lenta e gradativamente alterado, até que certo ponto sustentável, pela ação das mãos humanas, mas que, ao longo dos séculos mostrou-se frágil diante do “domínio” do ser humano sobre as outras espécies e sobre a natureza.

Hoje o cenário é outro. Vivemos em um grande impasse entre o desenvolvimento e a preservação ambiental. Vivemos em um mundo em que achamos que, se quisermos crescer, temos que usufruir tudo o que a natureza nos oferece, esquecendo que devemos utilizar desses recursos de maneira responsável, e que não somos os únicos moradores desse planeta. Somos apenas uma das tantas espécies que conosco dividem cada metro quadrado desse planeta.

Deveríamos agir com sustentabilidade, mas, na prática, não é o que acontece. Fico cada dia mais entristecido quando me deparo com a devastação que temos cometido ao longo dos séculos, e muito preocupado ao ver que essa devastação está em ritmo crescente e acelerado em todos os cantos por onde olho, tanto em áreas urbanas, quanto nas rurais. Na lavoura, as matas estão sucumbindo quase que totalmente. Nas cidades, o pouco de áreas verdes que ainda restam, estão dando lugar à especulação imobiliária e, até mesmo a mata ciliar que deveria permanecer intacta para proteger as nascentes, os rios e algumas espécies animais, desaparece sem que quase ninguém questione tal destruição.

Matas ciliares devem ser preservadas inclusive nas cidades. Córregos e rios não podem ser escoados (escondidos) por manilhas, como se aquela água fosse somente um incômodo resíduo a ser desprezado em rios maiores. Nós Brasileiros, vivemos em uma terra rica e, basta andarmos um pouco pelas cidades para vermos que essa riqueza ainda existe. Ainda! É uma riqueza que deve ser valorizada pelo que é, pelas árvores que tem, pelos córregos que funcionam como veias e artérias da terra e trazem vida ao planeta.

As mesmas árvores que nos dão sombra em ruas e avenidas e que nos agraciam com suas lições de história pelos anos que têm, são o refúgio de muitas espécies. Quando cortamos e devastamos, interferimos negativamente na vida de muitos animais, sem que haja a permissão destes para tal ato. Faço aqui um questionamento: Quando alguém decide por derrubar e devastar uma área, pediu permissão para os seus moradores (pássaros e outras espécies) ou pelo menos os comunicou de tal ato? Claro que não, pois infelizmente, a maioria não se dá conta de que nós, seres humanos, não estamos sozinhos nesse planeta.

A Araucária, símbolo do Paraná, logo estará extinta se nada fizermos, e se continuarmos a pensar que sua “função social” é mais útil do que a sua sobrevivência. Quando lhe disserem que um pinheiro deve ser transformado em casa para que alguém tenha moradia segura, lembre-se de que esse mesmo pinheiro já pode ser a moradia de alguma ave e que, essa mesma árvore é fonte de alimentos para muitas espécies e, até mesmo, para a permanência das próprias araucárias, através das sementes que elas produzem. Dizer que árvores estão “sobrando” ou estão sendo “inúteis” por não estarem sendo “utilizadas” é uma afronta à natureza e a quem as criou.

Quem participa do ciclo das águas, da distribuição das chuvas, da preservação dos mananciais e lençóis freáticos, da absorção de carbono e é de suma importância para que nossas terras não se transformem em deserto, senão as florestas?

Vamos preservar o que ainda resta e que é pouco. Vamos lutar pela permanência das poucas áreas verdes presentes em áreas urbanas e rurais, pelas matas ciliares que protegem as nascentes, córregos e os rios. É a sustentabilidade do planeta que está em jogo.


Se, sabemos que, um dia as gerações que estão chegando terão que lutar pela reconstituição do meio ambiente, replantando o que está sendo destruído agora, por que então não preservarmos desde agora para que aqueles que hoje são crianças, não tenham trabalho demais para tentar dar uma última chance ao planeta e à sobrevivência das espécies, inclusive a humana? Não consigo compreender a atitude de destruir o que está bom, que nos foi dado por Deus e por isso é bom, para depois tentar refazer sem termos a certeza de que será como antes.

Faça um passeio pelas estradas rurais ou pela sua cidade, e veja a riqueza que ainda podemos contemplar. Muitas vezes, nossos olhares acostumados, impedem que vejamos o que está diante de nós, mas, basta que deixemos que a sensibilidade do olhar se abra para o mundo que nos cerca, para que possamos enxergar as belezas que a natureza nos proporciona bem perto nós, possivelmente, bem diante dos nossos olhos.

Deixar um mundo sustentável para essa e às próximas gerações é uma meta a ser buscada por cada um de nós a partir de hoje, antes que estas gerações não consigam mais fazer o que podemos fazer a partir de agora.

Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS

quinta-feira, 3 de março de 2011

ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO: COMPRAR OU ADOTAR?

          Essa é uma das perguntas mais frequentes feitas por quem tem a intenção de adquirir um animal de estimação. No entanto, outros questionamentos deixam de serem feitos quando se opta pela compra de um animalzinho que irá fazer parte da família.
           Por que algumas pessoas preferem animais comprados em lojas? Por que muitos tendem a achar que cães, gatos e outros animais são melhores se tiverem um pedigree, uma “raça”? Que consequências ocorrerão quando eu opto pela compra e não pela adoção?
            Primeiramente, é importante lembrar que quando você escolhe para o seu filho um animal com pedigree, de “raça”, afirmando que são melhores, indiretamente está dando a ele os primeiros ensinamentos de como ser preconceituoso, e, irá instigar também, de forma indireta, preconceitos contra seres humanos, afirmando que uma raça é melhor que outra. Além disso, devemos saber que não existem animais piores ou melhores, o que existe, são animais bem ou mal tratados. A beleza de um animal não está na “beleza” imposta pela sociedade e sim, na essência que cada animalzinho carrega dentro de si.
            Lembremos também, dos animais que estão perambulando pelas ruas, famintos, sedentos e carentes de afetividade e de um lar. Lembremos daqueles que estão em abrigos esperando pelos donos que os abandonaram à sorte ou esperando por um coração bondoso que os acolha e possam sentir de fato o que é o amor, e daqueles que esperam a morte em depósitos das grandes cidades, que sem mais espaço para abrigá-los e pela falta de governantes comprometidos, seguem o seu destino em direção à eutanásia.
            Todo ser vivo é belo, só não enxergamos na maioria das vezes, pois a sociedade nos cega com as suas imposições e seus estereótipos. Trate bem um animal, por mais sujo, mal cuidado e rabugento que ele seja, e verá a recompensa e o quão belo de fato ele é.
            Quando decidimos por comprar um animal, tomamos uma decisão muito mais cruel do que possamos imaginar. Tomamos a decisão de mantermos animais abandonados pelas ruas, e que sonham com pessoas como você, que poderiam levá-lo para casa. Quantos sonhos não devem ter? Quantas vezes sonham com companhia ao invés do abandono? Quantas vezes sonham com o aconchego ao invés do frio e da umidade? Sonham com água limpa e fresca e com um pouco de comida, enquanto seu estômago dói pela fome que insiste em não passar.
            Há pessoas que querem que animais de “raça” fiquem procriando para obtenção de lucro em cima da venda de filhotes que logo serão separados à força de suas mães, enquanto outros abandonados continuarão com destino incerto por causa desse tipo de decisão.  Animal não é mercadoria. Animal é ser vivo, tem fome, dor e sentimentos.
          Não podemos esquecer ainda, que por empolgação, algumas pessoas compram um filhote e esquecem que eles crescem e, logo depois, abandonam por perceberem que não era isso o que queriam, aumentado a população de animais de rua.
          Cães e gatos abandonados, quando bem tratados, alimentados, vacinados e curados de suas doenças, se tornam esteticamente tão belos quantos àqueles enfeitados com fitas para serem vendidos mais facilmente. Você verá que ele também tem uma, ou talvez mais raças pela sua miscigenação. Não há animais sem raça, e sim, animais sem cuidado.
         Quando pensar em adquirir um novo animal de estimação lembre-se, terá um abandonado esperando por você para retribuir o amor que receberá.  Amigo não se compra, se conquista.
Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS