domingo, 17 de julho de 2011

O FOGO DA VIDA E DA MORTE


O fogo, sem dúvida, foi a maior descoberta que o ser humano já fez. Sem ele não teria sido possível chegar aonde nós chegamos. Com ele pudemos nos defender dos inimigos, aprimorarmos a nossa maneira de nos alimentar e nos desenvolver enquanto espécie, pois até em altas tecnologias, precisamos dele como princípio para força motriz. Ao longo dos milênios, ele foi tema dos mais variados tipos de interpretação e tema preferido por vários artistas e teóricos que deram um ar místico a essa reação química.
Hoje, para muitos, o fogo representa beleza, mistério ou simplesmente uma forma de promover “limpeza” em terrenos baldios ou ainda, um método de preparação para o plantio. No meu ponto de vista, o fogo pode ser a representação do inverso de tudo isso. Pode representar a destruição, a poluição, a morte de seres vivos indefesos, ou mesmo, um crime ambiental se usado de maneira irresponsável.
Nesses dias de inverno em que as geadas e a umidade baixa do ar se tornam algumas das características da estação, temos uma alta incidência de queimadas descontroladas, e até mesmo criminosas, que ocasionam sérios problemas à saúde e ao meio ambiente.
Os índices de problemas de saúde, principalmente os respiratórios ocasionados pelo acúmulo de fumaça das grandes e pequenas queimadas tendem a aumentar significativamente nesse período, ocasionando desconforto e uma busca acentuada pelos serviços de saúde, gerando gastos que poderiam ser desnecessários se as tais queimadas não ocorressem.
Outros problemas sérios são os transtornos ao trânsito que se torna perigoso em função da diminuição da visibilidade, danos à rede elétrica e telefônica e grande número de chamadas que causam acúmulo de trabalho ao corpo de bombeiros.
Que os problemas ocasionados são inúmeros, todo mundo sabe, mas o que eu quero tratar aqui é com relação ao que pouca gente não se dá conta, ou simplesmente não dá a mínima atenção, que é a morte dos animais que morrem queimados em terrenos baldios e matas incendiadas.
O número de espécies de pássaros, lagartos, preás, entre outros, que morrem nas queimadas é enorme, e pouquíssimas pessoas se preocupam com a sua sobrevivência. Porém, várias dessas espécies que ainda são encontradas em nossa região, sobrevivem em pequenas áreas de terrenos e várias delas, estão quase extintas.
Essa semana, mais precisamente na noite de 15 de julho, uma série de incêndios criminosos deixaram várias pessoas aqui de Irati, revoltadas e comovidas com cenas de animais sendo consumidos pelas chamas. Eu mesmo, ao perceber que próximo da minha residência, vários terrenos haviam sido atacados por algum incendiário, procurei ajudar tentando apagar algumas chamas, ao meio de uma densa e irritante coluna de fumaça, quando então, me deparei com uma das cenas mais terríveis que presenciei até hoje, onde vários preás tentando fugir com sua pelagem já em chamas acabaram morrendo sem que eu ou alguém conseguisse fazer alguma coisa.
Tentamos em vão, pois infelizmente, não foi possível. Houve desespero por parte daqueles que lutaram para fazer alguma coisa, mas com certeza muito mais, por parte daqueles pobres animaizinhos que perderam a sua vida.
Pela manhã ao retornar ao local, me deparei com cenas que deixam qualquer cidadão de bem indignado. Cabos de telefone queimados sendo trocados pela empresa responsável, causando prejuízo e transtornos para a sociedade, acúmulo de cinza dando ar de desolação e o pior, um amontoado de animais carbonizados que deixa qualquer pessoa que tenha o mínimo de bom senso, extremamente chocado.
Quem irá pagar pelos estragos? Quem irá ser responsabilizado? Quem irá devolver a vida àqueles pobres animaizinhos que tiveram suas vidas consumidas pelas chamas?
Queimada é crime e como tal, deve ter punição. Não fique indiferente. Não permita que as queimadas na cidade ou na área rural continuem acontecendo. FAÇA A SUA PARTE. NÃO QUEIME! DENUNCIE!
A vida agradece!
Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS