terça-feira, 9 de dezembro de 2014

QUE VENHA O FUTURO

Estamos preparados para o futuro? Penso que estamos nos despreparando para o futuro. Poderíamos muito bem estar planejando um mundo saudável para vivermos e para deixarmos um planeta habitável e de qualidade às futuras gerações. Nós, humanos, temos sido muito eficientes na área tecnológica e no progresso como um todo e, isso é inegável, os avanços estão diante de nossos olhos.
            Desde o início da era industrial, temos criado um legado magnífico, continuando pela invenção do avião, do computador e de tantas outras maravilhas que a inteligência humana é capaz de criar. Não vamos ser desonestos dizendo que não gostamos disso tudo, por que gostamos disso sim. Quem deixaria a tecnologia de lado, a televisão, a internet, os meios de transporte para ir morar em uma caverna ou em uma civilização alienada de tudo? Eu não iria, e se, alguém tiver interesse de ir, felicidades, mas não se esqueça de me contar depois como é viver assim, para que de repente, quem sabe, eu mude meus conceitos.
            Mas o fato é que, somos eficientes demais para evoluirmos tecnologicamente e para termos cada vez mais conforto, mas ineficientes demais para mantermos esse conforto todo no futuro, sem que danos sejam causados por todo esse avanço. Claro que toda mudança por nós planejada traz benefícios, porém, reflete em algum impacto, mas, o problema é: Qual o tamanho desse impacto? Logo o planeta Terra chegará ao seu limite de ser explorado e entrará em colapso.
            Nesse sentido, não podemos deixar de pensar no consumismo. O termo consumidor não se restringe ao ato de comprar. Consumidor é aquele que consome de fato os recursos naturais como um todo, mesmo que de forma indireta e, toda tecnologia produzida recai sobre o consumo.
            Estamos devorando o planeta e isso está sendo muito gostoso. Que delícia é consumir, comer e devorar o que está ao nosso alcance. O problema é que, quando vier a indigestão causada por essa gula toda, poderemos descobrir que devoramos inclusive o remédio para esse mal que estamos causando.
            O que vamos deixar de legado? Uma tecnologia incrível em um mundo inabitável?
            O planeta está com febre e os termômetros climatológicos já mostram isso. Logo o planeta estará ardendo de tão doente e nós aqui, agindo como o vírus que mata o ser que o abriga. Os vírus pelo menos matam o ser, mas infectam outros seres, transferindo suas cópias a outro corpo. E nós? Vamos para onde? Toda essa tecnologia que tanto criamos é incapaz de levar nossas cópias a outro planeta. Para onde vamos se não podemos sair daqui? Então porque estamos matando o único ser capaz de nos abrigar?
            Bem que os vírus também poderiam escrever alguns artigos ou algumas crônicas para que nós, humanos intelectos que somos pudessemos entender essa lógica que os vírus utilizam para sua perpetuação diante da morte do ser que atacam. E nós aqui, seres supremos da inteligência, rebaixando os vírus ao grau da insignificância?
            Eu me sinto culpado por degradar. Acho mesmo que não estamos preparados para o futuro. Estamos sim preparados para o presente, para o imediato.
            Enquanto consumo mais umas folhas de papel e um pouco de tinta de caneta para escrever esse texto, fico aqui pensando: está na hora de pensarmos coletivamente em continuarmos a evoluir, pensarmos em melhorar nossas tecnologias, nossos confortos, mas de uma forma muito mais inteligente e mais racional.
            Que venham as novas gerações para continuarem a evoluir e a se desenvolver tecnologicamente. Mas que venham com a competência que nos falta agora para que gerações e gerações se perpetuem sem que sejam consumidas por si mesmas.

Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS

Curriculum Lattes
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K8579333J9