sábado, 5 de março de 2011

Áreas Verdes. Por que preservá-las?

As áreas verdes ou áreas de preservação, são remanescentes de mata nativa ou reflorestadas com árvores originárias do próprio local, que, em nossa região, fazem parte da Mata Atlântica. Além desta, temos no Brasil, outros biomas que são a Floresta Amazônica, a Caatinga, o Cerrado, o Pantanal e os Pampas Gaúchos. Todos esses biomas são extremamente importantes para a biodiversidade do nosso país e precisam ser preservados.

O nosso país já foi um local com grandes florestas e belezas naturais, onde todas as espécies podiam usufruir com harmonia dos recursos que a natureza disponibilizava. Era uma riqueza aparentemente inesgotável, mas que com o início das grandes expedições do século XVI, começou a ter o seu cenário lenta e gradativamente alterado, até que certo ponto sustentável, pela ação das mãos humanas, mas que, ao longo dos séculos mostrou-se frágil diante do “domínio” do ser humano sobre as outras espécies e sobre a natureza.

Hoje o cenário é outro. Vivemos em um grande impasse entre o desenvolvimento e a preservação ambiental. Vivemos em um mundo em que achamos que, se quisermos crescer, temos que usufruir tudo o que a natureza nos oferece, esquecendo que devemos utilizar desses recursos de maneira responsável, e que não somos os únicos moradores desse planeta. Somos apenas uma das tantas espécies que conosco dividem cada metro quadrado desse planeta.

Deveríamos agir com sustentabilidade, mas, na prática, não é o que acontece. Fico cada dia mais entristecido quando me deparo com a devastação que temos cometido ao longo dos séculos, e muito preocupado ao ver que essa devastação está em ritmo crescente e acelerado em todos os cantos por onde olho, tanto em áreas urbanas, quanto nas rurais. Na lavoura, as matas estão sucumbindo quase que totalmente. Nas cidades, o pouco de áreas verdes que ainda restam, estão dando lugar à especulação imobiliária e, até mesmo a mata ciliar que deveria permanecer intacta para proteger as nascentes, os rios e algumas espécies animais, desaparece sem que quase ninguém questione tal destruição.

Matas ciliares devem ser preservadas inclusive nas cidades. Córregos e rios não podem ser escoados (escondidos) por manilhas, como se aquela água fosse somente um incômodo resíduo a ser desprezado em rios maiores. Nós Brasileiros, vivemos em uma terra rica e, basta andarmos um pouco pelas cidades para vermos que essa riqueza ainda existe. Ainda! É uma riqueza que deve ser valorizada pelo que é, pelas árvores que tem, pelos córregos que funcionam como veias e artérias da terra e trazem vida ao planeta.

As mesmas árvores que nos dão sombra em ruas e avenidas e que nos agraciam com suas lições de história pelos anos que têm, são o refúgio de muitas espécies. Quando cortamos e devastamos, interferimos negativamente na vida de muitos animais, sem que haja a permissão destes para tal ato. Faço aqui um questionamento: Quando alguém decide por derrubar e devastar uma área, pediu permissão para os seus moradores (pássaros e outras espécies) ou pelo menos os comunicou de tal ato? Claro que não, pois infelizmente, a maioria não se dá conta de que nós, seres humanos, não estamos sozinhos nesse planeta.

A Araucária, símbolo do Paraná, logo estará extinta se nada fizermos, e se continuarmos a pensar que sua “função social” é mais útil do que a sua sobrevivência. Quando lhe disserem que um pinheiro deve ser transformado em casa para que alguém tenha moradia segura, lembre-se de que esse mesmo pinheiro já pode ser a moradia de alguma ave e que, essa mesma árvore é fonte de alimentos para muitas espécies e, até mesmo, para a permanência das próprias araucárias, através das sementes que elas produzem. Dizer que árvores estão “sobrando” ou estão sendo “inúteis” por não estarem sendo “utilizadas” é uma afronta à natureza e a quem as criou.

Quem participa do ciclo das águas, da distribuição das chuvas, da preservação dos mananciais e lençóis freáticos, da absorção de carbono e é de suma importância para que nossas terras não se transformem em deserto, senão as florestas?

Vamos preservar o que ainda resta e que é pouco. Vamos lutar pela permanência das poucas áreas verdes presentes em áreas urbanas e rurais, pelas matas ciliares que protegem as nascentes, córregos e os rios. É a sustentabilidade do planeta que está em jogo.


Se, sabemos que, um dia as gerações que estão chegando terão que lutar pela reconstituição do meio ambiente, replantando o que está sendo destruído agora, por que então não preservarmos desde agora para que aqueles que hoje são crianças, não tenham trabalho demais para tentar dar uma última chance ao planeta e à sobrevivência das espécies, inclusive a humana? Não consigo compreender a atitude de destruir o que está bom, que nos foi dado por Deus e por isso é bom, para depois tentar refazer sem termos a certeza de que será como antes.

Faça um passeio pelas estradas rurais ou pela sua cidade, e veja a riqueza que ainda podemos contemplar. Muitas vezes, nossos olhares acostumados, impedem que vejamos o que está diante de nós, mas, basta que deixemos que a sensibilidade do olhar se abra para o mundo que nos cerca, para que possamos enxergar as belezas que a natureza nos proporciona bem perto nós, possivelmente, bem diante dos nossos olhos.

Deixar um mundo sustentável para essa e às próximas gerações é uma meta a ser buscada por cada um de nós a partir de hoje, antes que estas gerações não consigam mais fazer o que podemos fazer a partir de agora.

Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS

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