Estamos
preparados para o futuro? Penso que estamos nos despreparando para o futuro.
Poderíamos muito bem estar planejando um mundo saudável para vivermos e para
deixarmos um planeta habitável e de qualidade às futuras gerações. Nós,
humanos, temos sido muito eficientes na área tecnológica e no progresso como um
todo e, isso é inegável, os avanços estão diante de nossos olhos.
Desde o início da era industrial,
temos criado um legado magnífico, continuando pela invenção do avião, do
computador e de tantas outras maravilhas que a inteligência humana é capaz de
criar. Não vamos ser desonestos dizendo que não gostamos disso tudo, por que
gostamos disso sim. Quem deixaria a tecnologia de lado, a televisão, a internet,
os meios de transporte para ir morar em uma caverna ou em uma civilização
alienada de tudo? Eu não iria, e se, alguém tiver interesse de ir, felicidades,
mas não se esqueça de me contar depois como é viver assim, para que de repente,
quem sabe, eu mude meus conceitos.
Mas o fato é que, somos eficientes
demais para evoluirmos tecnologicamente e para termos cada vez mais conforto,
mas ineficientes demais para mantermos esse conforto todo no futuro, sem que
danos sejam causados por todo esse avanço. Claro que toda mudança por nós
planejada traz benefícios, porém, reflete em algum impacto, mas, o problema é:
Qual o tamanho desse impacto? Logo o planeta Terra chegará ao seu limite de ser
explorado e entrará em colapso.
Nesse sentido, não podemos deixar de
pensar no consumismo. O termo consumidor não se restringe ao ato de comprar.
Consumidor é aquele que consome de fato os recursos naturais como um todo,
mesmo que de forma indireta e, toda tecnologia produzida recai sobre o consumo.
Estamos devorando o planeta e isso
está sendo muito gostoso. Que delícia é consumir, comer e devorar o que está ao
nosso alcance. O problema é que, quando vier a indigestão causada por essa gula
toda, poderemos descobrir que devoramos inclusive o remédio para esse mal que
estamos causando.
O que vamos deixar de legado? Uma
tecnologia incrível em um mundo inabitável?
O planeta está com febre e os termômetros
climatológicos já mostram isso. Logo o planeta estará ardendo de tão doente e
nós aqui, agindo como o vírus que mata o ser que o abriga. Os vírus pelo menos
matam o ser, mas infectam outros seres, transferindo suas cópias a outro corpo.
E nós? Vamos para onde? Toda essa tecnologia que tanto criamos é incapaz de
levar nossas cópias a outro planeta. Para onde vamos se não podemos sair daqui?
Então porque estamos matando o único ser capaz de nos abrigar?
Bem que os vírus também poderiam
escrever alguns artigos ou algumas crônicas para que nós, humanos intelectos
que somos pudessemos entender essa lógica que os vírus utilizam para sua
perpetuação diante da morte do ser que atacam. E nós aqui, seres supremos da
inteligência, rebaixando os vírus ao grau da insignificância?
Eu me sinto culpado por degradar.
Acho mesmo que não estamos preparados para o futuro. Estamos sim preparados
para o presente, para o imediato.
Enquanto consumo mais umas folhas de
papel e um pouco de tinta de caneta para escrever esse texto, fico aqui pensando:
está na hora de pensarmos coletivamente em continuarmos a evoluir, pensarmos em
melhorar nossas tecnologias, nossos confortos, mas de uma forma muito mais
inteligente e mais racional.
Que venham as novas gerações para
continuarem a evoluir e a se desenvolver tecnologicamente. Mas que venham com a
competência que nos falta agora para que gerações e gerações se perpetuem sem
que sejam consumidas por si mesmas.
Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS
Curriculum Lattes
http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K8579333J9
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