quinta-feira, 2 de setembro de 2010

CIGARRO. UM RALO PARA A ECONOMIA

Muito se tem falado pelos grandes meios de comunicação a respeito da economia do Brasil. Muito se fala a respeito da degradação ambiental e muito se tem questionado sobre as condições de saúde que muitos dizem ser “precária” em nosso país. Mas afinal, o que o cigarro mencionado no título tem a ver com todos esses questionamentos? Primeiro, gostaria que me permitissem falar um pouco desses questionamentos que comumente ouvimos por aí.
Antes de qualquer coisa, gostaria de fazer uma pergunta sobre o que dizem a respeito da saúde pública no Brasil. Será que o nosso sistema de saúde é tão precário assim como a mídia anda mostrando em suas matérias tendenciosas? É claro que há problemas como em qualquer sistema seja ele público ou privado, mas se abrirmos os olhos somente para o que a TV mostra em suas espetaculares notícias dominicais, iremos com certeza julgar e condenar o nosso SUS, o qual tem bem ou mal, nos servido.
Cenas de hospitais lotados, corredores cheios de macas e pessoas deitadas em agonia pelo chão, esperando por atendimento é o que a imprensa televisiva mais gosta de mostrar, pois afinal de contas, dá audiência. Mas o que temos de bom, onde é mostrado? Quem vem focar o que há de nobre em nossa saúde pública? O nosso completo calendário vacinal que é modelo mundial e que custa caríssimo para os cofres públicos, mas acessível a todos com o dinheiro dos nossos impostos, isso a televisiva mídia sensacionalista não mostra. Mas quando por motivos técnicos ou, seja lá qual for, faltar a “vacina da moda”, pode ter certeza que o fato vira manchete em todos os telejornais.
Não se questiona quando um ente nosso utiliza uma vaga em UTI e que o nosso tão apedrejado sistema de saúde investe milhares de reais em um único dia com um único paciente, a fim de lhe dar o melhor que puder. Claro que isso é um inquestionável direito, pois está muito bem expresso na constituição de 1998, mas isso, não nos dá o direito de vermos somente o que há de ruim. Quero deixar para falar sobre saúde pública em outro momento, pois é para mim um assunto empolgante. Quero falar agora, sobre um mal que prejudica esse sistema.
O fato é que questionamos tudo, a saúde, a economia e o meio ambiente. Claro que temos que questionar, pois um povo tem que ser crítico, mas devemos questionar com critérios. Questiona-se as leis anti-tabagismo com grandes polêmicas, esquecendo que o cigarro é um grande mal para a saúde e para a economia do país.
Não critico em momento algum nem o fumante que é um dependente químico e necessita de ajuda e tratamento para parar de fumar, e nem o produtor que precisa sobreviver, pois não recebe incentivo necessário para tal.
Critico o cigarro em si e os incentivos que se dão para a fabricação deste objeto tão nocivo. Critico a falta de alternativas ao produtor que se vê obrigado a produzir algo que lhe faz mal à saúde, mas esse, não vê alternativa para o sustento de sua família.
Não é crítica sobre crítica, mas sim, mostrar que, enquanto falamos mal da saúde pública no Brasil, não questionamos os bilhões de reais gastos em tratamento aos doentes de câncer, doenças coronarianas, pulmonares, derrames, infartos, entre tantas outras doenças e os bilhões gastos em UTIs, pensões e aposentadorias precoces ocasionadas pelo cigarro.
Quero mostrar que, enquanto questionamos os desmatamentos (e devemos continuar questionando), aceitamos que milhares de metros cúbicos de madeira são derrubados e queimados para a fabricação do cigarro, gerando sérios problemas ambientais. Quero falar que enquanto falamos da poluição dos rios, tentando achar culpados, milhões de peixes dos nossos rios e mares, sucumbem engasgados pelas bitucas de cigarro que chegam às águas vindas de longe através dos bueiros.
Quero mostrar que, por detrás de uma arrecadação de impostos, esconde-se um enorme ralo quase invisível do dinheiro público jogado esgoto abaixo por causa do cigarro. Dinheiro esse que poderia ser utilizada na melhoria dessa saúde que se teima em falar mal. Dinheiro que poderia ser muito bem aplicado na habitação, transporte, educação e tantas outras melhorias para o nosso país e às nossas cidades.
Um mundo melhor, mais saudável e sustentável é o que sonhamos. Fazer a nossa parte é possível e sem o cigarro isso se tornará bem mais fácil.
Leandro Ditzel
Membro da Academia de Letras, Artes e
Ciências do Centro-Sul do Paraná - ALACS

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